Um fitoterápico à base de uma planta conhecida como unha-de-gato tem melhorado os sintomas da endometriose, doença que causa infertilidade feminina e dor nos períodos menstruais. Intrigados com o grande número de pacientes que tomam o remédio por conta própria e relatam melhora, pesquisadores começaram a testá-lo cientificamente.
Os resultados do primeiro estudo controlado, feito pelas universidades federais de São Paulo (Unifesp) e do Maranhão (Ufma), em ratas, mostraram que a unha-de-gato conseguiu reduzir em 60% as lesões causadas pela endometriose.
Na doença, o tecido que reveste o útero (endométrio) sai fora dele e atinge outros órgãos da pelve, como intestinos e bexiga. Estima-se que 6 milhões de brasileiras sofram da doença.
Agora, na fase clínica do estudo, o fitoterápico será dado a mulheres e comparado com placebo ou medicamentos hormonais usados no tratamento tradicional da doença. A hipótese é que a planta possua propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras (que melhoram o sistema imunológico).
Antes mesmo dos resultados do estudo clínico, a unha-de-gato tem sido prescrita a pacientes da UNIFESP que já usaram, sem sucesso, drogas hormonais ou para aquelas que não podem usar esse tipo de medicamento.
Os relatos de melhora dos sintomas, principalmente da dor, surpreendem. "Eu dei para a minha mulher tomar. Ela tem endometriose e a medicação hormonal não estava funcionando, diz Eduardo Schor, coordenador do ambulatório de endometriose e dor pélvica da Unifesp e um dos autores do estudo.
Segundo ele, a unha-de-gato parece diminuir o processo inflamatório causado pela endometriose na região pélvica. Os pesquisadores ainda não sabem se a planta pode ser usada para ajudar mulheres com dificuldade para engravidar. "Não se sabe, por exemplo, se ela altera a espessura de endométrio ou dos mecanismos de ovulação", explica Schor.
Também ainda deverá ser definida a dose ideal do fitoterápico para cada paciente. No comércio, existem cápsulas de 150 mg, feitas a partir da casca da planta.
O ginecologista Carlos Alberto Petta, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), diz que, do ponto de vista conceitual, a unha-de-gato pode melhorar a dor de qualquer processo inflamatório.
O problema é que, em se tratando de dor, o efeito placebo é muito grande. O ato de escutar essa mulher também melhora a dor. Para ele, só será possível dizer que a unha-de-gato funciona depois de testá-la em mais estudos
Fonte: E'mail da Profª Flávia Mochel
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