Possibilitar uma nova relação das populações que vivem nas regiões do semiárido brasileiro com a água, partindo do princípio que ela que não deve ser considerada “um bem de consumo, mas um direito básico”: esta é a motivação do Programa Um Milhão de Cisternas, que começou 2003 e já beneficiou mais de 1,5 milhões de pessoas.
Para mudar a situação de quem convive com a falta de água e muitas vezes tem que andar quilômetros para encher um balde, o programa da ASA (Articulação no Semi-Árido Brasileiro) constrói nas casas da região uma cisterna capaz de armazenar água da chuva para abastecer os moradores nos períodos de seca.
A Articulação no Semi-Árido Brasileiro é uma rede formada por cerca de 750 organizações da sociedade civil que desenvolvem políticas de convivência com a região semiárida. A ASA afirma que o P1MC, como é conhecido o Programa Um Milhão de Cisternas, também tem funcionado como “instrumento para fortalecer a autoestima e a cidadania da população”. A região do semiárido abrange 1.133 municípios em nove estados e abriga cerca de 22 milhões de pessoas, segundo o IBGE.
Apesar de ter muito trabalho pela frente, os números mostram bons resultados. Até 31 de julho deste ano, a contagem estava 351.140 estruturas instaladas. O objetivo final é beneficiar 5 milhões de pessoas com água potável, com a construção de um milhão de cisternas que, juntas, formam uma rede descentralizada de abastecimento (já que muitas casas nem chegam a ser abastecidas) com capacidade para 16 bilhões de litros de água.
As famílias beneficiadas devem ter residência permanente na zona rural, sem acesso ao sistema público de abastecimento de água e com renda de até meio salário mínimo por membro da família. Casas que tem crianças com até 6 anos, crianças e adolescentes que frequentam a escola, pessoas acima de 65 anos e portadores de necessidades especiais têm prioridade.
O que são cisternas?
São estruturas de formato cilíndrico, cobertas e enterradas pela metade, com capacidade para armazenar até 16 mil litros de água (suficiente para que uma família de 5 pessoas beba e cozinhe por um período de 6 a 8 meses). Com uma tecnologia de baixo custo, permite a captação da chuva por uma calha no telhado da casa, por onde escorre a água. Os moradores retiram a água da cisterna por meio de uma bomba de repuxo manual.
Fonte: Superinteressante
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