No fim de
outubro, a Convenção de Mudanças Climáticas da ONU divulgou um relatório
afirmando que, com os atuais comprometimentos de 146 países para reduzir
emissões de gases do efeito estufa, seria possível diminuí-las em 8% até 2025 e
em 9% até 2030. Isso quer dizer que, se comparadas às do período entre 1990 e
2010, as emissões de agora até 2030 terão seu ritmo diminuído em 60%. De acordo
com a ONU, apesar de representarem um passo na direção certa, de um mundo de
baixo carbono, os números não teriam a ambição necessária: com essas metas, o
aquecimento até o final do século deve ser de 2,7°C. Ou seja, a meta de limitar
o aumento de temperatura em 2°C, estabelecido na Cúpula do Clima de 2010, em
Cancun, não será alcançado.
Visto de maneira
isolada, o valor de 2,7ºC pode não parecer alarmante. Contudo, o planeta, assim
como os humanos, os animais e as plantas, são vulneráveis mesmo ao aumento mais
sutil de temperatura. Desde o início dos registros históricos, em 1880, a
temperatura global subiu 0,85 grau, o que é muito, suficiente para criar um
descompasso na natureza. Condições climáticas improváveis se espalham, com
vários exemplos: o calor fora do comum no Ártico; as chuvas torrenciais da
Índia; a secura dos mananciais de São Paulo. Isso tudo por ter ocorrido uma
elevação de 0,85 grau em mais de 130 anos. O que pode acontecer com uma
elevação superior a 2 graus em 100 anos, situação à qual chegaremos caso
continuemos a poluir na mesma toada, pode ser o agravamento de desastres
ambientais, com reflexos profundos na economia.
Estimativas
feitas por cientistas revelam que, com esse aumento, uma porcentagem 26% maior
de pessoas irá sofrer com a escassez de água até 2080, em comparação com a taxa
de 1980. Nesse mesmo ano, o número de pessoas expostas a enchentes será seis
vezes maior. A biodiversidade também será afetada, e um bom exemplo são os
corais: um terço deles será degradado devido às águas mais quentes nas próximas
décadas. Além disso, o calor deve diminuir a produtividade de trabalhadores em
20% até 2100.
A grande
dificuldade da COP-21 é encontrar uma ação de combate que agrade a todos os 196
países (são cerca de 40.000 pessoas participando da Convenção). Países menos
desenvolvidos alegam que o direito de usar combustíveis fósseis (petróleo,
carvão e gás, os grandes emissores de carbono) poderia diminuir a miséria de
suas populações, já que os países mais desenvolvidos fazem uso deles há 200
anos. Além disso, a transição para o uso de energias renováveis (como eólica ou
solar) tem um custo e uma das grandes questões é decidir quem vai pagar por ele.
Fonte: VEJA
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