quarta-feira, dezembro 09, 2015

OPINIÃO: O JOGO DO IMPEACHMENT DE DILMA

Fernando Henrique Cardoso em 1999, com “PRIVATARIA TUCANA” e o escândalo do MENSALÃO de Lula em 2005. Nos dois casos, FHC e Lula resistiram por falta de força política da oposição e interesses difusos dos oposicionistas. Impeachment é um julgamento político. 

Para que ocorra é preciso uma série de combinações. Com Dilma, a conjuntura, por pior quer seja, não tem sido suficiente para o que muitos chamam de “golpe institucional”.

Enquanto publicamente defensores e contrários à cassação do mandato da presidente se digladiam, nos bastidores os articuladores embaralham um jogo no qual mais vale seus projetos individuais. As vaidades são muitas e o que está na mesa vai além do afastamento da mandatária.

Tucanos do grupo de Aécio Neves admitem que o afastamento de Dilma só vale a pena se o vice-presidente, Michel Temer, também for cassado. Com isso, uma nova eleição seria garantida e Aécio teria praticamente assegurada a vitória. Não interessa puxar o tapete de Dilma para entregar a Presidência a Temer.

A estratégia de aecistas esbarra nos planos do grupo ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. No ninho alckmista muitos reconhecem que a queda de Dilma e de Temer agora favorece Aécio, que ganharia a eleição e abriria caminho para a reeleição. O melhor seria desgastar ainda mais Dilma, mas sem mudança na Presidência, o que abriria as portas para Alckmin em 2018.

A candidata derrotada no ano passado Marina Silva, ainda filiada ao PSB, também joga contra o impeachment. Na turma marinista há quem não esconde que dificilmente ela teria forças para disputar e vencer uma eleição neste ano.

Nos estados, a resistência contra o impeachment cresce entre governadores aliados e da oposição. Há governador temeroso das investigações da Lava Jato, que começa a expandir para vários setores, e há também muitos autores de “pedaladas fiscais” que trabalham para apagar o fogo antes que ele se alastre. Isso sem falar da baixa popularidade que muitos deles enfrentam e da crise financeira dos estados.

Dentro do PMDB as divergências, as incertezas e a “guerra” por poder são ainda mais gritantes. Parte prefere continuar com Dilma, outra parte abandonou o barco governista faz tempo e alça voo com a tucanada. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tenta salvar a própria pele nas investigações da Lava Jato e atrai o pessoal do “quanto pior, melhor”. Cunha sabe que, em caso de impeachment de Dilma e Temer, na melhor das hipóteses ficaria apenas 90 dias na Presidência. Sem contar a possibilidade de condenação pelo STF, que é real.

A desestabilização, a ingovernabilidade e o caos, decorrentes da reação de movimentos sociais e sindicais, de setores da sociedade beneficiados por programas sociais petistas e de partidos políticos excluídos de um eventual novo governo, também pesam na decisão daqueles que jogam as cartas do impeachment neste momento. 

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