Fernando Henrique Cardoso em 1999, com “PRIVATARIA
TUCANA” e o escândalo do MENSALÃO de Lula em 2005. Nos dois casos, FHC e Lula
resistiram por falta de força política da oposição e interesses difusos dos
oposicionistas. Impeachment é um julgamento político.
Para que ocorra é preciso
uma série de combinações. Com Dilma, a conjuntura, por pior quer seja, não tem
sido suficiente para o que muitos chamam de “golpe institucional”.
Enquanto
publicamente defensores e contrários à cassação do mandato da presidente se
digladiam, nos bastidores os articuladores embaralham um jogo no qual mais vale
seus projetos individuais. As vaidades são muitas e o que está na mesa vai além
do afastamento da mandatária.
Tucanos
do grupo de Aécio Neves admitem que o afastamento de Dilma só vale a pena se o
vice-presidente, Michel Temer, também for cassado. Com isso, uma nova eleição
seria garantida e Aécio teria praticamente assegurada a vitória. Não interessa
puxar o tapete de Dilma para entregar a Presidência a Temer.
A
estratégia de aecistas esbarra nos planos do grupo ligado ao governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin. No ninho alckmista muitos reconhecem que a queda de
Dilma e de Temer agora favorece Aécio, que ganharia a eleição e abriria caminho
para a reeleição. O melhor seria desgastar ainda mais Dilma, mas sem mudança na
Presidência, o que abriria as portas para Alckmin em 2018.
A
candidata derrotada no ano passado Marina Silva, ainda filiada ao PSB, também
joga contra o impeachment. Na turma marinista há quem não esconde que
dificilmente ela teria forças para disputar e vencer uma eleição neste ano.
Nos
estados, a resistência contra o impeachment cresce entre governadores aliados e
da oposição. Há governador temeroso das investigações da Lava Jato, que começa
a expandir para vários setores, e há também muitos autores de “pedaladas
fiscais” que trabalham para apagar o fogo antes que ele se alastre. Isso sem
falar da baixa popularidade que muitos deles enfrentam e da crise financeira
dos estados.
Dentro do
PMDB as divergências, as incertezas e a “guerra” por poder são ainda mais
gritantes. Parte prefere continuar com Dilma, outra parte abandonou o barco
governista faz tempo e alça voo com a tucanada. O presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, tenta salvar a própria pele nas investigações da Lava Jato e atrai o
pessoal do “quanto pior, melhor”. Cunha sabe que, em caso de impeachment de
Dilma e Temer, na melhor das hipóteses ficaria apenas 90 dias na Presidência.
Sem contar a possibilidade de condenação pelo STF, que é real.
A
desestabilização, a ingovernabilidade e o caos, decorrentes da reação de
movimentos sociais e sindicais, de setores da sociedade beneficiados por
programas sociais petistas e de partidos políticos excluídos de um eventual
novo governo, também pesam na decisão daqueles que jogam as cartas do
impeachment neste momento.
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