Em 2003, o maranhense
voltava de um trabalho no Rio Grande do Norte quando o taxista foi atender o
celular, perdeu o controle do carro e bateu de frente com um caminhão. Luiz
Thadeu sofreu fratura exposta do fêmur, passou por 43 cirurgias e algumas
complicações ao longo de quatro anos de tratamento, no Rio Grande do Norte,
Maranhão e em São Paulo. Durante mais da metade desse período – uma temporada
de oito meses e outra de 22 meses –, precisou usar fixadores externos da bacia
até o pé. “Nessa época, eu me autoexilei, não queria que me vissem com aqueles
ferros horríveis. Foi muito traumático.”
Superada essa fase e
alguma resistência pessoal, um dos filhos dele, que estava estudando inglês em
Dublin, na Irlanda, convenceu o pai a visitá-lo. O agrônomo planejou, então,
sua primeira viagem com a esposa por oito países da Europa – ainda sem a
pretensão de pôr em prática o que está fazendo hoje. Depois dessa experiência,
em que descobriu que a vida de muletas não era tão difícil quanto imaginava,
Luiz Thadeu se viciou em viajar.
“Foi a forma que eu
encontrei para me recuperar. Compensar o tempo que passei parado fazendo
tratamento”, afirma. “Mesmo com a minha dificuldade de locomoção, posso ir a
qualquer lugar do mundo. Não existe um destino ao que eu deixe de ir. E sempre
procuro levar alguém comigo”, garante. Para se ter ideia, ele e suas muletas já
pisaram, num mesmo mês, nos dois extremos habitados da Terra: Ushuaia, na
Argentina, também conhecida como “Fim do Mundo”, e Barrow, no Alasca, a cidade
mais setentrional do planeta, habitada por pouco mais de 2 mil pessoas.
Hoje com 56 anos e
muitas experiências na bagagem, Luiz Thadeu dá palestras gratuitas,
principalmente para crianças nas escolas do seu estado, o Maranhão. “Quero
mostrar para os outros que mesmo uma pessoa como eu, com as limitações que
tenho, pode ir longe. Alguém com as pernas boas, que tem uma graninha guardada
e fala inglês, então, pode se virar pelo planeta afora.”
Nas suas palestras,
ele destaca que é preciso ter prioridade: não dá para pagar uma festa boa para
os amigos, trocar o carro e viajar. “Quem quer tudo não vai conseguir fazer nenhum
dos três. Não dá para viajar preocupado, com gerente do banco me ligando.” Por
cerca de 30 anos, a prioridade de Luiz Thadeu foi poupar, quando ainda nem
tinha o objetivo de rodar o mundo. Mas não pense você que agora ele saiu
gastando tudo o que tinha economizado. “Transformei dinheiro em imóveis, que me
mantêm, e com a minha renda do trabalho eu pago meus sonhos.” A vantagem é que
pode trabalhar remotamente e tem flexibilidade de horário na empresa que mantém
com um dos filhos.
Só uma dessas propriedades
foi vendida, em 2009, quando Luiz Thadeu começou de fato a planejar conhecer
120 países. “Vendi um terreno por quatro vezes o valor que eu tinha pago, era
num momento de boom do mercado do Maranhão. E na época o dólar estava a R$
1,65.” Esse bom negócio permitiu que o projeto decolasse. “Mas continuo
trabalhando como engenheiro agrônomo, faço e envio meus projetos pelo
computador e depois fiscalizo.” As longas escalas que costumam baratear as
passagens são muito bem utilizadas por ele para dar conta das entregas.
Atingir a meta dos 120
países, entretanto, não quer dizer o fim da fase de viagens para Luiz Thadeu.
Quanto mais conhece do mundo, parece que mais sua lista de desejos aumenta.
Para o segundo semestre do ano que vem, a ideia é dar uma volta ao mundo – um
pacote oferecido por certos grupos de companhias aéreas. Ainda está decidindo
se fará o itinerário no sentido horário ou anti-horário. “Vou pisar nos cinco
continentes e tomar banho em todos os oceanos numa só viagem”, já sonha.
Fonte: Luiz Thadeu
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