BRASÍLIA - Relator da proposta de
emenda à Constituição (PEC) para adiar as eleições de outubro para novembro ou
dezembro, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) avalia aumentar a parcela do
eleitorado que não é obrigada a sair de casa para votar.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o parlamentar
disse que uma das possibilidades é tornar a votação facultativa para quem tiver
mais de 60 anos - considerado grupo de risco para a COVID-19. Segundo ele, no
entanto, é preciso cuidado para a medida não causar um alto índice de
abstenção. "A democracia ainda precisa muito ser estimulada e precisamos
ter cuidado para isso não ser um precedente e abrir uma porteira para você
desestimular o pleito", afirmou.
Hoje, o comparecimento é facultativo
para quem tem menos de 18 ou mais de 69 anos, o que representa 9% dos quase 150
milhões de eleitores. Caso o voto se torne opcional a partir dos 60, outros
15,7 milhões também serão desobrigados, aumentando esta fatia para 20% do
eleitorado do País. A votação da proposta na Casa está prevista para
terça-feira.
Estadão:
POR QUE ADIAR A ELEIÇÃO?
WR: Estamos falando de uma pandemia. Não
existe nenhuma ciência no mundo que vai dizer qual é o dia ideal de se fazer
uma eleição. Há todo tipo de tese. O que é importante que as pessoas
compreendam é que a ideia é adiar por algum tempo, mas prorrogar mandatos de
prefeitos e vereadores não está em discussão.
Estadão:
NA CÂMARA, LÍDERES JÁ SE DISSERAM CONTRA O ADIAMENTO. ACREDITA QUE HAVERÁ VOTOS
SUFICIENTES?
WR: Primeiro, o Senado vai resolver. Depois
a Câmara vai ter de arcar com a sua responsabilidade. Não estamos adiando
porque queremos, o problema é ir contra a orientação dos cientistas e
especialistas. A saúde e a vida em primeiro lugar.
Estadão:
TORNAR A VOTAÇÃO FACULTATIVA É UMA OPÇÃO?
WR: As possibilidades são várias. Uma delas
é deixar facultativo pelo menos a partir de 60 anos. Esse eleitor de 60 a 69
anos representa 11% do eleitorado, é uma fatia considerável. Vou conversar com
os presidentes de partidos porque isso é também uma decisão política. A
democracia ainda precisa muito ser estimulada e precisamos ter cuidado para
isso não ser um precedente e abrir uma porteira para você desestimular o
pleito. É possível, mas eu ainda não fechei.
Estadão:
QUAIS MUDANÇAS O SR. JÁ DECIDIU PROPOR?
WR: Não tenho nada fechado ainda, o que
pretendo fazer até segunda-feira. Convidei o ministro Luís Roberto Barroso
(presidente do Tribunal Superior Eleitoral) a vir aqui no Senado na segunda,
para fazermos uma comissão geral, com especialistas. Depois quero
disponibilizar o relatório na terça-feira de manhã e, se der certo, já votamos
no mesmo dia aqui. Estamos falando de uma decisão que impacta do Oiapoque ao
Chuí, então, não dá para ficar segurando.
O
próprio presidente Jair Bolsonaro colocou suspeitas sobre a votação de 2018,
que o elegeu. Mudar as regras em cima da hora não pode dar margem a mais
suspeitas?
Quanto à segurança da eleição, absolutamente não. Claro que terá
de adaptar prazos. Prazos vencidos, como período de filiação partidária e
domicílio eleitoral, se mantêm. Já os vencidos, é justo que sejam colocados
para frente também.
Estadão:
ACHA VIÁVEL ABRIR MÃO DA BIOMETRIA PARA AGILIZAR A VOTAÇÃO E DIMINUIR
AGLOMERAÇÕES NA SESSÕES ELEITORAIS?
WR: É possível e vamos ouvir os
especialistas, mas já tivemos várias eleições sem biometria e não tivemos
problemas.
Estadão:
PREFEITOS RECLAMAM QUE O ADIAMENTO PODE PREJUDICÁ-LOS, POIS ESTARÃO COM
PROBLEMA DE CAIXA NO FIM DE ANO. O SR. ACHA O ARGUMENTO VÁLIDO?
WR: Entendo, só que não tem argumento
nenhum maior no mundo do que a defesa a vida e a proteção às pessoas. A guerra
tem sua cota de sacrifício. Se tiver de adiar para atender ao apelo quem
realmente entende da questão da saúde, teremos que todos nos sacrificar.
Estadão:
VAI PROPOR PRORROGAR A DURAÇÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL NA TV?
WR: Não discutimos esse ponto, mas é um
algo a ser considerado.
Fonte: Estadão/Broadcast
Fonte: Estadão/Broadcast
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