A reunião de 194 países realizada em Cancún, no México, foi um marco na luta contra o aquecimento global. Infelizmente, não por avançar nas negociações de um acordo para limitar as emissões poluentes que afetam o clima do planeta. O que mudou, na semana passada, foi a posição dos especialistas em mudanças climáticas. A maioria deles já não acredita que seja possível limitar o aquecimento a apenas 2 graus célsius a mais do que a temperatura média da Terra há um século.
É esse número mágico que está por trás da tentativa de fechar um acordo em 2012 que substitua o Protocolo de Kyoto, de 1997 – que não teve muito efeito. Se todos os países conseguissem conter suas emissões, as mudanças (elevação do nível do mar, secas, enchentes etc.) seriam administráveis, por meio de investimentos em infraestrutura e avanços científicos. O aumento de 2 graus até 2100, segundo os cientistas, é o mínimo que podemos esperar, considerando a concentração atual de gás carbônico na atmosfera (40% mais do que antes da era industrial) e o que inevitavelmente será despejado na próxima década, mesmo que mudássemos a partir de amanhã todas as indústrias e atividades agrícolas.
Com o emperramento das discussões diplomáticas, a maior parte dos cientistas passou a acreditar que devemos nos preparar para uma Terra de 3 a 4 graus mais quente, no mínimo. Esse é o foco de um conjunto de estudos divulgado há duas semanas s pela Royal Society, a academia de ciências do Reino Unido (leia os gráficos abaixo). “Se tivéssemos um novo Plano Marshall (projeto de reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial) para despoluir todas as grandes economias em 15 anos, seria viável. Mas isso não vai ocorrer”, diz Mark New, da Universidade de Oxford, um dos coordenadores dos estudos.
Fonte: Época
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