Quando a Operação Lava Jato mostrou poder
suficiente para atingir grandes setores políticos e econômicos, começou a
falar-se em um eventual acordo entre dois ex-presidentes e Michel Temer. O
objetivo seria que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), junto ao atual presidente da República, fizessem um pacto para a classe
política.
As acusações contra FHC e Lula, que foram
encaminhadas a instâncias inferiores e as contra Temer, que só não pode ser
investigado por sua “imunidade temporária”, levaram os três a crer, segundo
informações do jornal Folha de S. Paulo, que o acordão era
necessário para um processo eleitoral “tranquilo” em 2018 e evitar que um nome
de fora disputasse o Palácio do Planalto.
Em entrevista exclusiva ao Jornal
da Manhã, o presidente Michel Temer negou que tenha havido uma reunião para
tratar de um acordo para o processo eleitoral do ano que vem. “Em primeiro
lugar, hoje até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que não teve
conversa nessa direção. E não tem mesmo. Fomos [Temer e FHC] fazer uma visita
tendo em vista um doloroso acontecimento que envolveu o ex-presidente Lula.
Nesta ocasião, ele [Lula] disse que precisávamos conversar sobre reforma
política”, explicou.
Segundo o presidente, fazer um acordão sobre os
problemas entregues ao Judiciário e ao Ministério Público Federal é algo
“inviável”. Temer ainda garantiu: “não participo, não promovo e não fui
questionado a participar [de um acordão]”.
Já sobre a reforma política, assunto tratado com os
dois ex-presidentes, Temer disse que isso pode ser visto, mas reiterou que um
acordo sobre assuntos que ocorrem hoje no País não serão e nem foram debatidos.
Citado em delações
O presidente Michel Temer admitiu novamente ser
desagradável a citação de seu nome em delações de executivos da Odebrecht. “É
desagradável porque se trata de uma mentira. Mesmo se tratando de verdade não
deixaria de ser desagradável. O que tenho procurado é dizer que é desagradável
e constrangedor. Os fatos, quando narrados, revelam a presença de pessoas que
nem estavam no local”, disse.
Em defesa do Governo, o peemedebista afirmou ainda
que a tendência é dizer que os trabalhos irão parar. Temer, entretanto, negou
uma paralisação das atividades e ressaltou reuniões com membros do Governo e
Legislativo, “para que não se altere a governabilidade”.
Para Temer, os conteúdos das delações são
estarrecedores, desagradáveis, preocupantes e podem transmitir uma imagem muito
negativa do Brasil no exterior.
“Sob esse ângulo é péssimo. Mas o que fazemos
diante disso? Paralisamos ou seguimos em frente? Devemos seguir em frente.
Diante dos inquéritos propostos no Judiciário, deixa o Judiciário trabalhar. As
pessoas mencionadas deverão prestar sua defesa. Ainda está na fase de
inquérito. As pessoas vão se defender, vão ser condenadas, não vão ser
condenadas”, disse o presidente, que pediu ainda uma “obediência” no trabalho
de cada um dos Três Poderes.
Fonte: RJP
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